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Uma viagem necessária

O novo livro de Marco Aurélio Cremasco "Viagens necessárias" compila crônicas e reflexões



Texto: Gabriela Villen l Fotos: José Irani 

Publicado pela Editora Tao, de São Paulo, "Viagens necessárias" é o título do novo livro de Marco Aurélio Cremasco. Formado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá e docente da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp, o assessor da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (ProEC), é autor de obras nas mais diversas áreas. Desde livros técnicos, como “Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos” (2011) e "Transferência de massa – Difusão mássica em meios convencionais" (2023), passando por coletâneas de poemas “As coisas de João Flores” (2014) e “Bilros” (2020), de contos “Histórias prováveis“ (2007) e “A solidão dos anjos” (2021), de crônicas “Onde se amarra a terra vermelha” (2018), até os romances “Guayrá” (2017) e "Santo Reis da Luz Divina" (2004), este vencedor do I Prêmio Sesc de Literatura e finalista do Prêmio Jabuti em 2005. Em "Viagens necessárias", o escritor reúne crônicas, resenhas e reflexões publicadas semanalmente no jornal O Diário do Norte do Paraná, de Maringá, entre julho de 2014 e outubro de 2016.

"Escrever crônica é um desafio singular. Quando se escreve um livro técnico, você sabe para quem está escrevendo. No caso de um romance, tem-se uma vaga noção do público. A crônica é para quem tem um lapso de interesse na leitura. A comunicação deve ser clara, de modo a traduzir um momento, compartilhar uma emoção, procurando identificar-se no outro em pouco mais de 200 caracteres", comenta Cremasco.

Nascido em Guaraci, Norte do Paraná, e convidado a escrever para o jornal, Cremasco registrou várias de suas experiências sobre educação, ciência e tecnologia, além de resenhar alguns livros que leu no período. "É um conjunto de textos que, de certo modo, traduz a nossa vida acadêmica", afirma ao comentar as influências mútuas entre o cotidiano acadêmico e a escrita para o jornal.

Levar os textos do jornal para um livro, de acordo com o autor, atribui às crônicas novas possibilidades. "O livro tem a magia de eternizar o que é fluido no jornal. A crônica, no jornal, é efêmera e fotografa um instante. Ao transpô-la para o livro, ela pode se tornar um registo histórico", argumenta. Cremasco cita a tradição, desde o século 19, de textos publicados em jornais que originaram livros, como alguns de Machado de Assis. "Daqui a 100 anos estará registrada a percepção de alguém sobre a sua época", pontua.


Hoje atuando diretamente na ProEC, Cremasco diz que a sua vida universitária guarda afinidade com Extensão, pois as suas atividades assim deram tal norte. Para ele, não tem como dissociar o desenvolvimento científico e tecnológico da sociedade, seja em sala de aula seja no laboratório. "Se você estuda certo assunto, cabe ressaltar a sua importância para a sociedade. Trabalhamos, no meu laboratório, com a obtenção de fármacos; levamos o assunto à sala de aula para contextualizar o conhecimento ao comprometimento social da pesquisa. Isso aumenta a nossa responsabilidade, como também nos motiva. Trata-se de consciência extensionista. Isso, de certa maneira, está no “Viagens necessárias", enfatiza.

"Viagens necessárias" é parte de uma trilogia, junto com o livro de crônicas "Onde se amarra terra vermelha" (2018), que foi indicado para o Jabuti, e o de contos "A solidão dos anjos" (2021).


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